Ribeiro da Motta

Braga no século XVI

Podemos traçar a nossa linha desta família desde nosso hexa-avô Gervásio Ribeiro da Motta, que foi testamenteiro de Benta Pereira, renomada figura histórica campista e sua tia por casamento. Embora tenha ficado conhecido em Campos como Gervásio, o seu nome de batismo era Gervaz, nascido em 19 Out 1711 no lugar Petimão, em Cabeceiras de Basto. Foi batizado três dias depois na Igreja de Santa Senhorinha, Sé de Basto, filho de Pedro da Motta e Isabel Ribeiro, neto paterno de Manoel da Motta e Domingas Gonçalves, e materno de Pedro Fernandes e Isabel Ribeiro. A família materna de Gervaz era da cidade de Valoutas, atual Baloutas, a família paterna mais recente era local, de origem mais antiga na freguesia de São Pedro de Paus, Diocese de Lamego no Concelho de Viseu.

Cabeceiras de Basto pertence à Arquidiocese de Braga, que é a cidade mais antiga de Portugal e uma das mais antigas cidades católicas do mundo. Com ocupação contínua desde a Idade do Ferro, ali habitava a tribo celta dos Bracari. Conta-se que por lá passaram também navegantes de Cartago, e mais tarde a cidade passou a domínio romano como Bracara Augusta a partir de 16 AC e esta é a data de sua fundação oficial.

Gervaz Casou-se no Brasil com Senhorinha Ribeiro da Motta, filha do madeirense João Ribeiro Agrela e Estácia Requeixo, esta descendente de primeiros colonizadores da Capitania Real do Rio de Janeiro. Tiveram os filhos Domingos, Maria, Pedro e Miguel, este último casado com Rita Maria de Azevedo, que hoje temos como hipótese ser filha do Capitão Domingos João de Azevedo da Vila de São Salvador de Campos. Miguel e Rita deixaram grande descendência de fazendeiros e usineiros que formam a grande árvore dos Ribeiro da Motta em Campos dos Goytacazes, e seria muito difícil enumerar todos os ramos aqui, portanto tratarei mais da descendência do Barão e depois Visconde de São Sebastião Miguel Ribeiro da Motta, filho de Miguel e neto de Gervásio. Segundo Paulo Paranhos, em seu estudo “Os Póvoas de Barros, Descendentes do Visconde de São Sebastião” publicado na Revista da ASBRAP número 8, Miguel Ribeiro da Motta nasceu em 1814 na Freguesia de São Sebastião de Campos. Era fazendeiro e contava com vastas plantações de cana-de-açúcar e também produzia aguardente, dono da Fazenda da Ajuda e da Fazenda do Becco, esta última abrangendo mais de 200 alqueires em ambas as margens do Rio Paraíba do Sul e considerada por muito tempo uma das melhores do Brasil.

Construído em 1846 pelo Barão de Carapebus e tendo hospedado o Imperador Pedro II, o Solar do Becco mais tarde passou à propriedade do Visconde de S. Sebastião. O solar depois abrigou um asilo de idosos, hoje encontra-se em total desreparo.

Tratarei mais da vida do Visconde de São Sebastião em uma postagem futura, passando agora aos seus descendentes. Miguel Ribeiro da Motta faleceu em 8 de outubro de 1890, deixando testamento. Ele nunca contraiu núpcias, mas deixou dez filhos reconhecidos, a saber:

1 – Maria Francisca Ribeiro da Gama (1841-1933), que à época não sabia ser quem era sua mãe. Hoje sabe-se tratar-se de Francisca de Brito Rangel. Casada com José Baptista da Gama, sem geração.

Do relacionamento com Maria Magdalena do Nascimento teve:

2 – Ritta Maria Ribeiro da Motta Barros, nascida em 1 Jul 1848, falecida em 2 Jul 1936. Casada com o Coronel José Ribeiro de Almeida Barros. Tiveram os filhos Maria da Conceição, Quitéria Zenóbia, Miguel que é nosso bisavô, casado com Alda Wagner, Manoel, Adálgica, Olympia, Josepha, Honorina, José, Albertina e Alberto que eram gêmeos e que possivelmente morreram logo após o nascimento, Álvaro, Alice e Sebastião. Tratarei desta linha na página dos Barros.

3 – Josepha Ribeiro Drevet (1850 – 1845), casada com o francês Hyppolito Drevet, duas filhas.

4 – Ignacia Maria Ribeiro de Vasconcellos (1851 – 1944). Casada com Sebastião Ribeiro de Azevedo Vasconcellos, dez filhos.

5 – Maria Magdalena Ribeiro Cordeiro (1851 -1902). Casada com José Clímaco dos Santos Cordeiro, sem geração.

Não sabemos muito a respeito de nossa tetra-avó Maria Magdalena do Nascimento. Miguel Ribeiro da Motta reconheceu em batismo as quatro filhas que teve com ela, e ali temos os nomes de seus pais, que são meus penta-avós João Ribeiro da Silva e Maria da Penha. Maria Magdalena teria nascido em torno de 1823 e faleceu logo após o nascimento da filha mais nova em novembro de 1853. O assento de batismo da última filha, homônima da mãe, lista esta como já falecida e este batismo ocorreu seis semanas após o nascimento.

Batismo de minha trisavó Ritta Maria Ribeiro da Motta com assinatura de Miguel Ribeiro da Motta, que à época ainda não tinha título de nobreza. Freguesia de São Sebastião de Campos dos Goytacazes, 10 Jul 1848.

Do relacionamento com a portuguesa Anna José de Aguiar, Miguel Ribeiro da Motta teve um filho que recebeu o seu nome mas somente foi reconhecido no testamento:

6 – Miguel Ribeiro da Motta Junior (1859 – 1896) foi casado com Amélia Ribeiro da Silva, filha de Ignácia Ferreira do Rosário (vide abaixo). O casal teve três filhos antes da morte prematura de Miguel. Note que Miguel e Amélia não tinham relacionamento de consanguinidade, mas tinham meios-irmãos em comum.

O último relacionamento que gerou filhos reconhecidos foi com Ignácia Ferreira do Rosário, com quem teve:

6 – Cecília Ribeiro Werneck (1865 – 1944) casada com Joaquim Reginaldo de Azevedo Werneck, com quem teve nove filhos que pudemos localizar.

7 – Ernestina Ribeiro de Azevedo (1867 – ?) casada com Sebastião Vasconcellos de Azevedo, três filhos.

8 – Anália Ribeiro da Gama (1870 – 1907) casada com Domingos Baptista da Gama, nove filhos.

9 – Idalina Ribeiro Peçanha (1874 – ?) casada com o Embaixador Alcebíades Peçanha, irmão de Nilo Peçanha, presidente da república entre 1903 e 1907. Localizei somente um filho natimorto do casal nascido na Itália. A data e local de falecimento de Idalina não são conhecidos mas creio ter sido prematuramente.

10 – Reynaldo Ribeiro da Motta (1878 – 1932), casado com sua sobrinha Maria Magdalena Vasconcellos com quem teve doze filhos. Maria Magdalena era filha de Ignácia Maria Ribeiro de Vasconcellos (vide número 4 acima).

Com a morte de Ignácia Ferreira do Rosário em 1882 temos Miguel Ribeiro da Motta criando mais uma vez filhos órfãos de mãe. A única mãe de filho seu que não o precedeu em passamento foi Ana José de Aguiar que morreu em 1908.

Notamos muitos casamentos entre parentes Ribeiro da Motta. Três irmãos do Visconde, de nomes José, Gervásio e Quitéria, casaram-se com membros das famílias Ribeiro do Rosário e Vasconcellos, e houveram numerosos casamentos entrelaçando mais estas famílias tanto em sangue como em negócios pois haviam ali muitos fazendeiros e proprietários de usinas de açúcar.

Tratarei mais da vida do Visconde de São Sebastião em postagem separada, e da descendência de Ritta Ribeiro da Motta Barros em página da família Barros.

Faria

Brasão dos Condes de Faria, estilizado no século XV

O sobrenome existe em Portugal, Espanha e Itália, sendo que para nosso estudo somente consideraremos os dois primeiros como possibilidades. Os ramos espanhóis são de origem portuguesa, o italiano não tem qualquer relação. Em Portugal o uso deste sobrenome remete à época da formação do reino e sua raiz é possivelmente toponímica do julgado de Faria, termo de Barcelos, no norte do Portugal. O mais antigo registro deste sobrenome data do tempo de D. Afonso Henriques (1109 (?) 1185), primeiro rei de Portugal, quando vivia um senhor registado como João Faria, pai de Dom Godinho, Arcebispo de Braga. A fortificação no topo de um promontório denominado Terra de Faria ou Monte de Franqueira, juntamente com outra denominada Castelo de Neiva, foi das primeiras fortalezas tomadas por D. Afonso contra sua mãe Tereza, conflito que culminou com a Batalha de São Mamede em julho de 1128 a subsequente unificação e independência portuguesa. Em tempos mais ancestrais, esta região foi ocupada desde o final da Era do Bronze e passou por domínio romano, suevo (Galícia), visigodo e mouro, voltando ao domínio cristão no século XI.

Vestígios do Castelo de Faria, concelho de Barcelos, distrito de Braga. Foto de João Carvalho (Wikipedia)

Um personagem famoso da história portuguesa que tinha este sobrenome era o Alcaide Nuno Gonçalves de Faria, que deu a própria vida em 1373 para salvar o seu castelo de um assalto dos Castelhanos. As ruínas do castelo ainda existem no topo do monte e a história deste feito heróico faz parte do folclore popular da região. A freguesia de Faria foi extinta recentemente, em 2013, e incorporada à freguesia de Milhazes que passou a denominar-se União das Freguesias de Milhazes, Vilar de Figos e Faria.

No Brasil tem-se registro deste sobrenome desde pelo menos o princípio dos anos 1600 com presença em todas as principais capitanias como Pernambuco, Bahia, São Tomé (Rio de Janeiro), São Vicente e Santo Amaro (S. Paulo) . O local onde encontrei o registro mais antigo deste ramo de nossa família é a vila de Abadia em Minas Gerais, o que faz-me pensar serem eles ou de origem paulista-bandeirante, remontando aos primeiros povoadores de São Vicente e aos fundadores do Colégio de São Paulo que subiram o sertão paulista a caminho de Goiás, ou portuguesa de imigração mais tardia, parte do contingente que veio para as Minas Gerais no ciclo do ouro instalando-se nas cidades mais prósperas, mas que dispersaram-se com a exaustão das jazidas. Ainda busco nos livros da paróquia de Nossa Senhora da Abadia algum registro que cite a naturalidade dos Faria que localizei ali. Sabendo-se que a vila foi fundada pouco mais de uma década antes do recenseamento, podemos deduzir com bastante firmeza que os Faria vieram de outro lugar.

A vila de Pitangui e outras nas cercanias foram fundadas por bandeirantes paulistas que seguiam “para os sertões além do Taubaté, era o mesmo que deu origem aos núcleos urbanos das cidades paulistas de Pindamonhangaba, Guaratinguetá e Jequeri. Ele perdurou na direção Centro-Oeste do sertão desconhecido durante todo aquele período. Depois de descoberta a zona aurífera dos ribeirões do Carmo (Mariana), do Tripuí (Vila Rica) e Sabará, os homens continuaram desbravando os matos à frente, tanto à procura de ouro, diamantes e pedras preciosas, como abrindo picadas, fundando povoados, aproximando de outros existentes e surgidos no Alto São Francisco. Aqueles que se estabeleciam à margem direita do rio eram chamados de baianos e os da esquerda de pernambucanos, mesmo sendo portugueses ou ascendentes de paulistas. O resultado dessa movimentação foi o surgimento do famoso Caminho dos Currais. O território dos matos gerais, depois das minas gerais, se formou entre o Rio Grande e o Rio Verde; este, próximo a Pitangui.” (Maria das Graças de M. Mourão, Especialista em História e Cultura de Minas Gerais pela PUC-MG para o Museu Histórico de Pará de Minas – MUSPAM).

Antes de descobrir o registro dos Faria em Abadia eu os busquei em Pitangui, e pelo que pude levantar até hoje não são relacionados com duas famílias deste nome naquela cidade, os Faria Sodré e os Faria Morato. Um dos líderes do famoso Motim de Pitangui, a revolta contra o estanco da cachaça acontecida em julho de 1719 contra o governo provincial de São Paulo sob cuja jurisdição Pitangui se situava (não existia ainda a província de Minas Gerais), chamava-se Roque de Faria, mas não pude levantar nada sobre a sua descendência. De posse somente do conhecimento via tradição oral familiar que é corroborada no livro “Precursores e Figuras Notáveis de Minas Gerais” de Almênio José de Paula e Saturnino G. Ferreira sabemos que nosso bisavô Christovam nasceu em Pitangui. Realizei extensa pesquisa nos poucos e danificados livros paroquiais da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, sem sucesso, mas ao expandir a minha pesquisa para paróquias das cercanias encontrei os seus avós em 1832 na cidade de Martinho Campos, que à época ainda era um vilarejo denominado Abadia, situado 60 km ao noroeste de Pitangui.

Segundo a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros – Volume XXVI, “A Cidade de Martinho Campos formou-se de terras de duas fazendas pertencentes a Jerônimo Vieira e Maximiniano Alves de Araújo, pernambucano. Conta-se que mais ou menos entre 1808 e 1820, esses dois proprietários deliberaram mandar construir uma capela em honra a Nossa Senhora de Abadia. O local foi escolhido de forma singular e dizem que ambos se colocaram em suas fazendas e combinaram começar a andar na mesma hora, para que no ponto de encontro dos dois, ficasse assinalado o local onde deveria ser iniciada a capela. Esse local foi onde hoje se situa Matriz de Nossa Senhora da Abadia. Criando-se o povoado, este desenvolveu-se com rapidez principalmente quando passou a contar com estrada de ferro, cuja estação de Abadia servia as localidades próximas de Patos de Minas, Dores do Indaiá, Formiga, etc. O Distrito foi criado com o nome de Abadia de Pitangui, pela Lei provincial nº 911 de 8 de junho de 1858 e confirmado pela Lei estadual número 2, de 14-IX-1891. Em 1938 foi elevado à categoria de município, recebendo o nome de Martinho Campos em homenagem ao grande estadista, que nasceu em terras da região. O município pertence à comarca de Pitangui.

Localização de Martinho Campos em relação a Pitangui e Belo Horizonte

No recenseamento da Província de Minas Gerais (que fora criada em 1822) realizado em 1832 localizamos o casal Emiliano Manoel de Faria, 28 anos, ofício de sapateiro e tecelão, e Angélica Gonçalves de Oliveira, 27 anos. O casal tinha os filhos Júlio de 7 anos, Ignácio de 5, Flávio de 3 e João de 7 meses.

Recenseamento de N. Sra. da Abadia – 1832 – Arquivo Público Mineiro

Flávio Máximo de Faria, seu nome completo, era nosso trisavô, casado com Maria Salomé de Faria, cujo nome de solteira ainda desconhecemos mas que tenho como hipótese ser Barcellos. Com uma vasta região e muitas paróquias ainda por serem pesquisadas, até hoje só encontrei mais informação a respeito do seu irmão João, que em registro de matrimônio aparece como João Emiliano de Faria, casado com Maria Francisca da Silva a 25 Nov 1851 em Dores do Indaiá – MG. A esta época o pai Emiliano Manoel já era falecido, a mãe Angélica ainda vivia.

Casamento João Emiliano de Faria

Não sabemos exatamente quando Flávio Máximo de Faria se mudou para Pitangui. Uma cobrança tributária publicada em jornal o localiza na cidade em 1864; nosso bisavô Christovam de Faria nasceu em 14 Jul 1867. Além dele, localizei mais um filho e uma outra pessoa que poderia ser irmã ou ter outro parentesco próximo com a família dada a similaridade do nome. São eles:

  • Flávio Máximo de Faria Júnior nascido em torno de 1861, jornalista que morreu prematuramente aos 25 anos em 19 Set 1886 segundo noticiado em diversos jornais mineiros e cariocas. Ele era o proprietário do Jornal O Pitanguy.
A Provincia de Minas (Ouro Preto) – 7 Out 1886
  • Anna Máxima de Faria, segundo registro paroquial do óbito no dia 11 Abr 1928 em Pitangui, casada com Antônio Cândido Rodrigues. Ela teria nascido em torno de 1878, o que me diz um pouco nova para ser irmã de Christovam e Flávio Jr., mas poderia ter outro parentesco próximo, como sobrinha.

Flávio Máximo de Faria (pai) era sub-delegado no distrito de Cardosos e procurador da Santa Casa de Misericórdia conforme abaixo:

A Actualidade (Ouro Preto) – 15 Jun 1881

Ele era também sócio do filho Christovam como podemos ver no documento abaixo que também cita a data de sua morte a 1 Nov 1898. Com base na idade que ele tinha no censo de 1832 podemos calcular que ele faleceu aos 69 anos.

Jornal do Commercio (RJ) – 26 Oct 1901

Nada sabemos a respeito de nossa trisavó Maria Salomé, mas tenho ela como madrinha de batismo do neto Leônidas, primogênito de Christovam e Beralda Nunes de Faria em 10 Jan 1888.

O incêndio da Matriz de N. Sra. do Pilar

Este tópico é pertinente para a nossa história tanto pelo lado Faria como Nunes de Carvalho. Um incêndio destruiu a matriz da cidade de Pitangui na noite de 28 Jan 1914, segundo relatos locais devido a uma vela que foi esquecida acesa em cima de uma caixa de paramentos. A igreja que fora consagrada em 1703 perdeu a vasta maioria de seus livros, o que faz a pesquisa de nossa família mais difícil. Existem alguns registros esparsos, e para atos ocorridos após a Lei do Registro Civil de 1889 podemos consultar fontes cartoriais. A Arquidiocese de Divinópolis possui alguns livros paroquiais que foram enviados para lá antes do incêndio e alguns destes estão online, mas a pesquisa é demorada pois estes registros estão misturados com os de outras paróquias da região.

Matriz de Nossa Senhora do Pilar – Fotos cedidas por D. Neusa Lopes para o Blog Daqui de Pitangui

Filhos de Christovam e Beralda

Talvez nunca encontremos a data exata do casamento de nossos bisavós, mas podemos situar este acontecimento entre o final de 1886 e o princípio de 1887, baseado no nascimento do primeiro filho Leônidas em 10 Nov 1887, o que confirma as histórias de família que diziam que Beralda teve o primeiro filho aos 15 anos. Ela nasceu em 27 Nov 1872 em Pitangui. Foram 24 filhos, sendo alguns natimortos, dentre eles dois pares de gêmeos. A melhor fonte que temos para este ramo da família são as notas deixadas por Djanira (Tia Deja), que me foram enviadas pelo primo Aluísio. Vários deles parecem ter sido natimortos, inclusive dois pares de gêmeos, pois nem nomes foram registrados por Tia Deja.

Filhos do casal:

1 – Leônidas (10 Nov 1887 em Pitangui – 6 Nov 1911 em Belo Horizonte). Casou-se com Francisca (Chiquita) Caetano em 3 Jul 1909 em Pitangui e faleceu prematuramente deixando a filha Iolanda de um ano, e uma segunda filha, Leonita, que nasceu pouco antes ou pouco depois da morte dele. Não sei de detalhes do ocorrido, mas ele morreu em decorrência de um ferimento sofrido talvez no exercício de seu trabalho de guarda fiscal na cidade de Cedro – Caetanópolis. A filha Leonita faleceu de tuberculose aos 15 anos em 19 Nov 1926 em Pitangui. Iolanda casou-se e morreu com idade avançada deixando o único ramo de descendentes de Christovam e Beralda que ainda mora na cidade natal da família.

Iolanda, filha de Leônidas

2 – Cecy (13 Mar 1889 em Pitangui – 28 Mar 1954 em Belo Horizonte). Casou-se em 1908 no Cedro – Caetanópolis com José Joaquim Fernandes Ramos, tiveram oito filhos de nomes Helena, Lúcio, Christovam Joaquim, Frederico Ozanam, Paulo, Maria do Carmo, Ruth e Helena, sendo que nem todos chegaram à idade adulta. A família estabeleceu-se em Pirapora, Cecy ficou viúva em 1925 e posteriormente mudou-se para Belo Horizonte.

Cecy Faria Ramos

3 – Oscarina (3 Nov 1891 em Pitangui – ca. 1920 em Pirapora). A data exata da morte não é sabida. Era casada com José Figueiredo e deixou três filhos de nomes Pedro, Leônidas e Geraldo.

4 – Antônia (4 Jan 1894 em Pitangui – ?) Morreu bebê.

5 – Maria Salomé (22 Dez 1896 em Pitangui – 15 Out 1976 em Belo Horizonte). Casou-se em Pirapora a 23 Mai 1914 com Clodoveu Soares Mattos e teve um grande número de filhos, a saber: João, Maria Auxiliadora, Lygia, Iris, Lourdes, Paulo, Sylvia Terezinha, Maria Efigênia, Maria Luiza, Antônio, Maria Aparecida e José (Zé Mattos).

6 – Beralda (ca. 1897 em Pitangui – 17 Jan 1968 em Belo Horizonte). Casada com Bazin Pinheiro, teve os filhos Maria de Fátima, Geraldo, Neuza, Christovam, Heber, Maria Cândida, Sebastião e José.

7 – Alysson (25 Ago 1898 em Pitangui – 9 Set 1975 em Belo Horizonte). Casado com Fernandina Jardim, tiveram os filhos Orion e Hélio. Alysson de Faria foi um dos precursores do cinema com som no Brasil, era membro da Society of Motion Picture and Television Engineers nos Estados Unidos.

Alysson de Faria

8 – Jovita (19 Jan 1900 em Pitangui – ?). Morreu ainda bebê.

9 – Flávio (20 Fev 1901 em Pitangui – 12 Mar 1966 em Belo Horizonte). Casado com Delmira Teixeira, tiveram os filhos Hélcio, Hugo, Helena Terezinha, Haroldo e Flávio Jr.

10 – José (11 Out 1902 em Pitangui – 14 Jul 1978 em Vila Velha ES). Casado com Julia Wagner de Barros a 15 Out 1932 em Manhuaçu MG. Era funcionário do Instituto Brasileiro do Café. Tiveram os filhos José Gilberto, Wilma, Guilherme, Luciano, Alda Maria, Luiz Álvaro, Gustavo, Eduardo Marcos, Maria Luiza e Alda Regina.

José e Julia com os filhos José Gilberto, Wilma e Guilherme

11 – Dinorah (11 May 1904 em Pitangui – 12 Ago 1999 no Rio de Janeiro RJ). Casada com João Boltshauser, tiveram os filhos João Geraldo, Jorge, Ana Helena, Maria Luiza e Ana Maria.

Dinorah Boltshauser

12 – Leonel (1 Jun 1907 em Caetanópolis – 26 Dez 1963 em Belém PA). Casado com Sulamita Rego, tiveram os filhos Leonel Jr., Fernando, Ana Lúcia e Silvana.

Leonel com a filha Ana Lúcia

13 – Ester (ca. 1909 em Caetanópolis – ? em Belo Horizonte). Casada com Adalberto José de Souza. Tiveram os filhos Luiz Cláudio, Marco Antônio e Inês.

14 – Rubens (27 Dez 1910 em Caetanópolis – 27 Ago 1991 em Belo Horizonte). Casado com Célia Cardoso, tiveram os filhos Iracema, Maria da Conceição, Maria Antonieta, Aloísio e Margarida.

15 – Djanira (1913 em Pirapora MG – 15 Fev 1986 em Belo Horizonte). Solteira, sem filhos.

Beralda e Djanira

16 – Isaura (ca. 1914 em Pirapora MG – 4 Abr 2002 em Belo Horizonte). Solteira, sem filhos.

Rubens, Isaura e Beralda

Christovam e Beralda tiveram outros filhos que não sabemos em que ordem vieram. São eles Amélia, Geraldina, Beralda (primeira do nome), Leonel (primeiro do nome), Arlindo, e um par de meninas gêmeas e um par de meninos gêmeos que não chegaram a receber nomes.

O legado jornalístico e cultural de Christovam de Faria

Christovam de Faria fundou ou contribuiu para diversos jornais por onde passou, entre eles O Pitanguy, O Curvelano, Folha do Cedro e O Pirapora. Além disso, ele também serviu como vereador em Pitangui iniciando mandatos em 1892 e 1897, foi coletor geral do estado na cidade de Pirapora a partir de 1913 e finalmente tesoureiro da Associação dos Funcionários Públicos de Minas Gerais em Belo Horizonte até perto de seu passamento. O seu envolvimento com política corria juntamente com a sua vida jornalística, pois os jornais da época eram órgãos dos partidos locais. O seu período como verador em Pitangui foi um de conturbação política. Membros do partido de oposição, entre eles o seu sogro José Nunes de Carvalho, invadiram o fórum da cidade pedindo a renúncia do prefeito Vasco de Azevedo e dos seus correligionários vereadores, dentre eles Christovam. Este incidente será melhor detalhado na página da família Nunes.

Juntamente com Beralda foi grande apoiador das artes, tendo juntamente com Beralda fundado ou participado de associações como o Club Dramatico Pitanguyense, o Club Literário e Recreativo Cedrense e o Club Dramatico Piraporense.

Fonte: Blog Daqui de Pitangui
Jornal O Pirapora
Do livro “Precursores e Figuras Notáveis de Minas Gerais” de Almênio José de Paula e Saturnino G. Pereira